terça-feira, 18 de março de 2014

A rua dos buracos (poema 2)

II

Às margens da rua os esgotos nos reservam
de vez em quando certas surpresas
à céu aberto o que tem lá nem se esconde
tanto assim da nossa vista
tênis, cd, calota de carro, garrafa pet e celular
tudo muito misturado à rigor
para compor o cenário.

Mas pra surpresa de alguém...
parece que isto aqui ninguém pôs:
na beirada da valeta emergindo
timidamente um raminho de hortelã
a destoar da paisagem e do odor
Cresceu ali contrastado do meio
com fragrância e propriedades diferentes.

Lá pelas tantas depois de muito alarde
(afinal, convenhamos, foi um achado inusitado)
nem sabíamos mais se era mesmo hortelã
aquele raminho esperançoso
De qualquer forma bastou-nos
naquele momento estranho
nascer algo bonito dentro de nós mesmos.


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Poesia: Thiago de Mattos

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