quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Como vão as coisas no Pestano?

Este texto é um breve relato sobre os movimentos da missão aqui no Pestano/Pelotas.

A comunidade Nova Estrada que surgiu no Projeto Missionário de 2012 vai completar neste mês de fevereiro três anos. De lá para cá muitas coisas aconteceram. Muitas tentativas, muitos aprendizados. E, talvez, um dos maiores aprendizados que Deus nos proporcionou até aqui seja a respeito de nossa capacidade de mudar nossos pontos de vista e tentativas no exercício do mandato missionário do Senhor Jesus. Em relação a isso gostaríamos de destacar alguns pontos:

Em primeiro lugar os assuntos decorrentes do modelo de projeto missionário da Missão Zero. Pareceu-nos, posteriormente, também na verificação dos resultados, que tal estratégia não combinou muito com o contexto local nem com a visão de missão integral pretendida. Primeiro, porque o período de grande atividade evangelística é descontinuado e pouco condizente com a realidade do trabalho missionário, gerando, muitas vezes, após o término do projeto, frustração na comunidade evangelizada e uma falsa sensação de dever cumprido nos evangelizadores que voltam para as suas cidades. Isso pouco condiz com a postura missionária que buscamos, que pensamos ser envolvente e progressiva no contato com as pessoas, gerando cada vez mais acolhida e reciprocidade. Ao invés disso observa-se o movimento contrário: cada vez vai-se envolvendo menos com a comunidade até que esta tenha aquilo que lhe se pressupõe fundamental, ou seja, um “missionário”. Aqui a crítica se faz na intenção de integrar a igreja como corpo na missão ao invés de focá-la na atitude individual de um “obreiro”. Isto ainda é mais relevante e oportuno por ser no nosso caso o bairro evangelizado o “quintal” da igreja. Temos condições práticas de envolver-nos como comunidade na missão no bairro. Considerando missão como o relacionamento que desenvolvemos com as pessoas numa atitude de proclamação integral do evangelho, a este tempo o que temos é o seguinte: A igreja como corpo ainda não se relaciona com o Pestano, muito embora ela seja tentada a pensar que já fez ou esteja fazendo a “sua parte” nesta missão. Em cima destas percepções queremos viver a missão do evangelho de maneira responsável de forma que esta seja verdadeiramente significativa para a igreja e o Pestano.
 Em segundo lugar os assuntos a respeito do modelo de igreja. O Pestano não é um lugar de onde se pode fazer missão zero. Existe já muitas frentes missionárias e igrejas instaladas no bairro. Este simples fato de antemão já nos interroga: “o que queremos ali?”. Esta pergunta pertinente leva-nos a identificar as principais demandas do bairro, bem como as lacunas deixadas pelas igrejas existentes e abre-nos a possibilidade de sermos relevantes no contexto. A grande questão é que não podemos aderir ao modelo habitual de igreja, nem ao formato padrão de pregação do evangelho, centrado no discurso, com alvo na vida privada. A pregação precisa ter um caráter público e o evangelho articulado com iniciativas concretas de transformação social. Nesse tempo de atuação vimos que simplesmente ter um ponto de referência no meio do bairro com programações semanais em torno de uma liturgia cúltica não é o suficiente para fazer a diferença no bairro, nem mesmo um programa regular de visitações e acompanhamentos individuais. Além da dificuldade de trabalhar com um tipo de linguagem já bastante esteriotipada e banalizada (como o é a pregação cristã), o contexto todo do bairro clama por algo mais (muito mais) do que a simples “palavra”. O Pestano é um bairro muito religioso, o nome de Jesus ali não se cansa de ser falado. Mas a sensação que nos fica é que este Jesus falado muito pouco de fato aparece na vida do bairro (pelo menos não o Jesus que o evangelho anuncia). Se quisermos fazer a diferença no Pestano precisamos mudar nossos modelos.
            Em terceiro lugar, o que temos pensado e tentado fazer em relação a esses questionamentos. Recentemente deslocamos o local de culto que tínhamos no meio do bairro num prédio alugado para o Centro Comunitário Bom Pastor localizado à margem do bairro. Com isso integramos num só local a Comunidade Nova Estrada e o Programa Vida Plena. Com o Programa Vida Plena desejamos criar condições que proporcionem maior envolvimento da igreja (Paróquia Três Vendas) com a missão no Pestano, além de articular com uma postura mais pública e social a proclamação do evangelho (para saber mais sobre isso, acompanhe as demais postagens sobre o Vida Plena neste blog e sua página no face: www.facebook.com/vidaplenaprograma).
            O ano de 2015 começou, a caminhada continua e contamos com o carinho e a sinceridade dos irmãos que oram e se importam verdadeiramente com o Pestano.

Abraços

Thiago e Aline

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