quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Somos tão jovens

"Somos tão jovens
deliberadamente jovens
estamos na idade de casar nossos amigos

caminhamos pela vida com a disposição de quem
sempre está pronto para festejar
nosso impulso é esse
nossa força

Pois bem,
mas o que nos diria a morte
na cara viva de nossos corpos,
a contradição de tudo aquilo que somos
e vivemos?

Temos tanta vida pela frente
nossos amigos estão casando...
não é fase de
sepultá-los

Nessa vida onde até os jovens se cansam
e morrem
a morte não tem a última palavra!"

(escrito em setembro de 2013)

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Esta semana fez um ano em que nosso amigo Vitor morreu. Achei por bem trazer uma pequena nota a respeito disto, já que a sua vida, embora abreviada, não tenha deixado de nos legar, além de boas lembranças, um testemunho de vida que transcende a sua morte. Vitor morreu para esta vida, mas o seu exemplo ainda permanece para todos nós que ainda queremos viver e aprender a viver. Sobre isso nosso amigo nos ensinou muito.

São poucas as pessoas das quais podemos dizer que nos causam o tipo de sensação que Vitor causava. Era um menino de 22 anos que depois de alguns minutos de conversa e contato tinha-se a impressão de ser um amigo de longa data. Debochado, brincalhão e sempre disposto a um sorriso, não economizava palavras nem piadinhas para descontrair, nem mesmo a atmosfera mais séria que pudesse haver. Quem o via rindo debaixo daquele boné (que ele não tirava nunca) não poderia imaginar a sua luta contra o maldito câncer. Vitor tinha Linfoma. E desde cedo lutou contra essa doença, que acabou voltando com força nos anos de sua juventude. Ele não fazia questão de esconder o assunto de ninguém, pelo contrário, falava abertamente e orávamos juntos muitas vezes sobre isso. Apesar disso, o seu jeito e a sua alegria de viver parecia dissipar a sombra do câncer. Para muitos que passam por essa mesma luta não é difícil ficar estigmatizado e conhecido como "pobre coitado... ele tem câncer...". Vitor não tinha vocação para isso. Nem mesmo se fizesse muito esforço para ficar quieto (aquele ali não tinha jeito mesmo). Não o víamos se queixando da vida e dos problemas, que acabavam indo muito além do Linfoma. Mesmo hoje, depois de um ano da sua morte, só conseguimos nos lembrar dele sorrindo e brincando. Não há como contestar, era a sua marca. Marca que ficou em nossas vidas, na de todos que tiveram a oportunidade de conhecê-lo.

Vitor é o testemunho vivo de que a alegria expressada aqui, mesmo em meio as dores, é algo que aponta para a eternidade, para Cristo. E desta alegria plena nem câncer nem morte o privou de experimentar.

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