quinta-feira, 22 de maio de 2014

Missão Integral

- E disse-lhes: Ide por todo o mundo, 
e pregai o evangelho a toda criatura -
Marcos 16. 15


Ao longo dos tempos os cristãos têm enxergado aquela famosa frase dos evangelhos sob lentes diversas. O “Ide” desde o dia em que foi pronunciado por Jesus não é um comissionamento estático na sua maneira de ser interpretado e praticado. Por todos esses anos de expansão do Cristianismo a tarefa dada por Jesus tem sofrido muitas transformações. Quem dá um excelente panorama dessas mudanças de paradigma ao longo da história é David Bosch em seu livro “Missão Transformadora”. Ali podemos notar o quanto a ideia de Missão e a prática da mesma é algo condicionado pela consciência de mundo da época.

Nesse sentido a Missão já foi um movimento marginalizado e contracultural (pré Constantino;) já foi um movimento automatizado pelas vias políticas (pós Constantino); já foi missão coercitiva segundo o modus operandi imperialista e colonialista (Religião Oficial); também já foi vista como um esforço conjunto com o desenvolvimento da educação e da legislação política; já teve suas nuanças moralizantes, racionalizantes e proféticas, inclusive. A tudo isso se agrega ainda (e fundamentalmente) a visão do Cristo que profere o “Ide”, que também não é uma figura estática e sofre transformações no decorrer da história. Pois, ora é o Cristo perseguido e marginalizado, ora é o Cristo imperador e conquistador (exemplos de polarizações, para dar uma ideia do nível de dilatação a que se chega nossas compreensões acerca de Cristo e seu Evangelho).

A Missão de Deus tem uma história e nos enganamos se pensarmos que não somos herdeiros dela, e, mais ainda, assumimos uma postura alienada quando não considerarmos também os efeitos desta época em que vivemos na nossa compreensão e prática dela. Nós, evangélicos protestantes da América Latina, inseridos num determinado contexto sócio-econômico, temos chegado ao termo: “Missão Integral”. E, ao que parece, até agora, como articulação missiológica faz bastante sentido para a nossa realidade.

Mas o que nos importa afinal chegar até o "termo" e não ultrapassá-lo? Estruturar nosso pensamento e não pô-lo à prova? 

O principal objetivo de nossa Missão, antes de enquadrá-la em categorias mentais acessíveis, é vivenciá-la na prática, de maneira simples como Jesus nos ensinou (e cuja força de ação é o seu amor).
Conceituar Missão ou mesmo torná-la um artigo confessional verbalizado ainda não é experimentá-la integralmente como Missão, se não houver a sua experiência prática. Por isso nossa reflexão aqui não tem a ver apenas com a compreensão das coisas, mas também como agimos em relação a elas. Nosso esforço deverá ser antes de tudo tornar este termo carne, que é o solo da experiência concreta e real com Deus. 
Humanizar o termo! Eis aí nossa tarefa!


Continua...

(A relexão vale à pena, vamos tratá-la com doses homeopáticas)


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Texto: Thiago de Mattos

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